TEMPO DE COLHEITA
Caminhando entre as folhas
secas, verdes, levadas pelo vento,
camufladas entre bichos e pedras,
Vejo aquela árvore que tantas vezes
deu frutos atravessando, a duras penas, as estações.
Sofrendo todas as ameaças
do inverno e da seca,
correndo todos os riscos de ser
mutilada, decepada, queimada.
Mas lá está ela...
cujas folhas indicam nova temporada,
cujo tronco indicam seu tempo de existência,
cujas raízes indicam suas forças e fraquezas,
cujos frutos indicam que é tempo de colheita.
Piso em alguns frutos já caídos,
pelo peso de sua podridão,
por terem servido de alimento aos pássaros,
por terem sido furtados e deixados para trás,
por terem sido abrigo aos bichinhos,
por terem sido frágeis às forças do ventos.
Recolho todos esses frutos e
separos-os conforme a condição de cada um.
Pela quantidade, a colheita foi farta.
Pela maturidade, poucos vingaram.
porém todos um dia foram flores
com ou sem espinhos,
que deram lugar a uma nova obra.
Hoje, todos esses frutos, o Senhor os aceita e os aproveita.
Até mesmo os podres para servirem de adubos
para novas sementes germinar.
Quanto àqueles frutos verdes...
--- Senhor, dê-lhes tempo para amadurecer.
Não deixes morrer, esta árvore de tão pouca idade,
mas dê-lhe tempo de recomeçar.