PAZ NO VALE
Preguiçosa,
a tarde se arrasta lentamente
até o anoitecer,
quando
restos de sol
contornam o horizonte
parindo silhuetas incertas,
fantasmas do dia que se foi.
A lua,
pálida e solitária,
ponteia outro lado do infinito
e o escuro da noite pisca
como se vaga-lumes
estivessem costurados
no manto invisível do céu.
Desce a madrugada,
calada
e o sereno, em gotas,
beija a relva, timidamente.
Do lado oposto, então,
as luzes da aurora
despontam por sobre os montes.
É o amanhã que vem chegando,
galo cantando
no mourão da cerca
e os passarinhos,
em coro,
saúdam o novo dia.
Se não receber
nenhuma bênção neste dia
lembre-se que estar vivo
já é a maior de todas.