Um bocado de gente na vida da gente.
Não tem começo, mas um meio de todos os meios em que se tenta compreender.
Hoje não chorei.
Chorei?
Sou a parte mais forte e de tanto exercer esta “profissão”, acabo sozinha.
Sozinha não, com muita companhia do nada, do fora, do que não resta vida.
Sou a que não tem para onde ir comemorar seja lá o que for e com quem. Aquela que não se pode convidar, pois não aprendi a escalar montanhas e tampouco poderia comprar a passagem. Ou o tempo. Ou o vento. Ou a sorte.
Mas ontem deu muito choro. Domingo também teve chuva.
Hoje minha filha caçula me fez lembrar a mais velha. Era uma época bastante similar e com premissas gêmeas. Foi o tempo de nada poder falar, nada poder ouvir. Ah! Mas ouvir já era problema mesmo. Nada poder “barulhar”. Concentração para os cadernos, as contas, o espelho e vez ou outras, os “online”. Mãe? Mãe só atrapalha. Mãe já cresceu, já ganhou. Ganhou o que? Se a balança comercial das mães fosse mostrada e avaliada muitos perderiam boca e certeza.
Nunca estive sozinha. Nasci estando. Porque há os que comparecem, fazem sua vez e existência. Mas se vão sem sair do lado. Isso dá um bocado de gente na vida da gente.
Hoje já estudei. Um pouco. Para poucos. Por mim. Pelos fins. Ainda que demore, o começo virá. Ninguém morre sem ter sonhado e ao menos um de seus sonhos ver florido e frutificado.
Deus abençoe as mães que, silenciosas ou não, cumprem a árdua tarefa de criar, educar, coser e casear sem que se anotem em cadernos ou planilhas as contas desta gerência de vida. Que sejam muitas as vidas que passarão, que servirão felizes e solitárias, pelo simples fato de transbordarem em amor!
Cris.