Como eram belas as cartas!
Projetos velhos em papéis amarelecidos.
Projetos tidos, projetos idos de uma longa vida.
Projetos estes que mantêm-nos vivos.
Fazem-nos procurar um propósito qualquer em nossa existência,
Ou um sentido.
Sangrando meu peito, catando papéis.
Papéis amassados, papéis de presentes,
Presentes quebrados, velhos papéis.
Papéis que outrora rabisquei promessas
De amor eterno, para amores ausentes.
Cartas veladas que mandam notícias
Boas ou más. Não importa.
Embaixo da porta vêm boas novas!
Tão bom era escrevê-las!
Nos momentos de desespero
Apanho escondido, papéis com orações
De louvor e canônicas canções.
Rogo a Deus, ou a quem quer que seja:
Guia-me e me proteja!
Mas existe mesmo Deus?
Ou há necessidade em encontrarmos um responsável por tudo?
Pela criação do mundo...Existe mundo?
Escrevo minhas preces no papel.
Não me ouçam os ateus!