Poeta anônimo
Ninguém jamais disse que era assim
Que sempre um poeta se sentia
Talvez porque não se diga a mim
Quem sabe por não ter serventia
Ninguém é o mais certo de um poeta
Alguém é decerto o incerto guia
Outra vez talvez não seja ao certo
Porque, se poeta, eu sentiria
Ninguém, vai saber, o que é que sente
Alguém que se arvora a fazer versos
Tentar mil esforços, tudo ausente
Versar sentimentos tão diversos
Ninguém, sabe lá, é tão bondoso
Pra vir caminhar nessa aventura
De quadras desse pretensioso
Sequer sem promessa de um futuro
Ninguém que eu mereça vir comigo
Para acompanhar o meu tormento
Que tenha o apreço de um amigo
Mas diga a verdade no momento
Ninguém, solidão, só, madrugada
Silêncio da noite, vão do escuro
Tantos sentimentos sem fachada
Uma ajuda pra achar o que procuro
Ninguém que eu espere me diz nada
No campo do amor e da poesia
Porém na min'alma enfeitiçada
O verso é a concreta fantasia