Um tom de cinza

Eu nunca fui muito longe

Entre o talude e o céu

Aos contornos do horizonte

Envolvido por um véu

Nunca me vi ir sumindo

Medindo o quanto ousei

Talvez ocorra dormindo

Mas não lembro o que sonhei

Sou pregado em chão de chumbo

Vendo passar esperanças

Todas que tive no mundo

Desde o tempo de criança

Elas me levam os pedaços

Sem sequer sentir prazer

Com suas cores e traços

Mitos, promessas, poder...

Zombam de minha alma cravada

No que acha ser real

Sugam fluídos e camadas

Crenças do meu arsenal

Montadas num tempo alado

Ou em tornados surreais

As esperanças que eu trago

Tragam-me sempre ao final