Foto de Feitosa dos Santos

Brincadeiras de meninas
 
Lembro bem o azul celeste na pintura das paredes, a casa elevada com a cumeeira frontal chapada para baixo, situada à rua que ia beirar o rio logo a frente.
Na entrada uma escada de tijolos que dava para a varanda, de onde se podia observar os beija-flores a nutrir-se da seiva quando em tempo de florada dos velhos pessegueiros.
Vinham outros pássaros e aportavam sobre os galhos das árvores frutíferas que compunham o pomar: sanhaços, maritacas, tucanos, burguesas, rolinhas, colerinhos, golados entre outros.
Das plantas, ainda posso lembrar das goiabeiras, dos mamoeiros, das mangueiras, abacateiros, bananeiras, limoeiros, figueiras, cafeeiros entre outras tantas que já me foge da reminiscência.
Por entres as árvores, duas pequenas meninas corriam, subiam nelas e degustavam dos frutos, faziam suas peripécias, sem serem incomodadas pelos olhares da família.
Neste pequeno poema a lembrança dos dias felizes em brincadeiras de meninas.
 
Brincadeiras de meninas
 

Eram meninas travessas,
Uma ruiva outra morena,
Trepavam árvores frutíferas,
Mui faceiras e serenas.
Porquanto uma subia,
Da outra tripudiava,
Quando a morena no topo,
A galhada abalançava,
Da goiabeira o fruto caia,
A ruivinha abocanhava,
A moreninha raivosa,
De um galho a outro voava,
Vez por outra ela caia,
A folhagem amenizava.
A noite quando dormia,
Com as peraltices do dia,
Uma com a outra sonhava,
Sob um belo amanhecer,
Éramos eu e você,
Uma pra outra contava.
Cresciam no conhecer,
Viviam o alvorecer,
Enquanto a criancice,
Ia tornando-se crendice,
Para trás a meninice ficava.
 
Rio, 13/07/2014
Feitosa dos Santos