Infância



Há uma razão de águas claras
Bem no ponto em que meu ser se inicia
Indo e vindo como ondas
Na imensidão dos dias.

Me lembro da casa em que cresci
Pequena, simples e apertada
Rotos, eu e meus irmãos de mãos dadas
Perambulávamos pela pequena casa
Brincando coisas imaginárias
Comendo hamburguês inexistentes
Rindo uns dos outros inconseqüentes.

Me lembro da minha rua
Das pessoas que meu caminho cruzavam
Eram estranhas figuras caladas
Submergidas em suas mentes
Lutando pelo pão de cada dia
Conspirando contra si mesmas
Cristais de pura fantasia.

Um homem tem que ser forte
O meu pai me dizia
Tem que arrancar a bala a unha
E reinventar a superfície do dia
Não basta sorrir menino, não seja tolo
Enquanto você e os outros descansam
Inevitavelmente o amanhã se anuncia.