UM BRINDE À POESIA

Amo a poesia. E como amo!

Não a poesia trancafiada em livros,

Imposta pelo sistema,

Que ousa querer traduzir a alma do poeta.

O poeta não se traduz.

O poeta apenas empresta seu dom de escrever.

Ele abre o caminho para que as palavras façam dança suave numa folha de papel.

Estudar rimas e verso...para quê?

Não a quero saber, nem entender;

Poesia é para sentir...

A poesia vem de repente, num sopro,

Numa canção, num cheiro que nos leva a lugares idos e não mais vividos.

A poesia vem de uma lágrima,

De uma emoção...

Amo a poesia que está na vida.

No choro de uma criança ao nascer,

No momento em que a lagarta sai da crosta para tornar-se borboleta,

No momento em que a águia troca de penas para tornar-se mais forte,

Na solidariedade dos que dividem o pouco que têm,

No amor que faz gemer e arranca suspiros doces,

Na primeira noite de um homem, quando existe amor,

Na entrega de uma mulher quando oferece generosamente seu recato.

No sorriso de uma mãe quando, depois de intensa dor, dá à luz, um novo ser.

No sorriso da felicidade ao se lograr uma vitória.

Amo a poesia que impõe o seu momento de nascer.

Que nos acorda na calada da noite e diz: “Levanta! Quero nascer!

E conduz o poeta, sussurrando-lhe segredos,

Impondo ideias que se espalham numa folha de papel.

Amo a poesia que vejo no olhar do que teme.

Naquele momento, ele se faz humano na mais pura essência.

Amo a poesia que existe na solidariedade do amigo,

Na amizade sincera e incondicional.

Amo a poesia que não quer a mídia,

Mas sim dominar o coração dos sensíveis,

Dos puros de alma.

Amo a poesia porque ela se perpetua sempre,

Enquanto houver a quem encantar.

E viva a poesia!

TIN* TIN*!

Rozana Pires

Maio/2013