O que eu quero da vida?
Não sei.
Meu corpo perturba
minha mente está confusa
e quando sinto que me curei
eis que aparece um novo foco da doença
E sinto a força da sua presença
invade cruelmente, sem piedade
o que resta de mim
e sem freio, atropela meus pensamentos
Sinto um arrepio entre os espaços
de espinha dorsal, e muda de grau
a febre vem como trovão
e o calafrio como uma ventania, causando devastação
O que eu quero da vida
é sair de dentro de mim
estou sentenciada por uma cláusula
e nem sequer consigo soletrá-la
Para entender o que me falta
sair dessa casca
que em vez de quebrar
mais faz é endurecer
Entre murros e socos
acabo espancando a mim mesmo
pois não acho o jeito certo
e assim, a vida vira um inferno
A doença se multiplica
até meus poros choram
pois os olhos não mais lacrimejam
suas células já estão mortas
E tento repor minhas energias
mesmo dentro de protocolos
regras dessa sociedade besta
ou então é maluquice da minha cabeça
Ligo o rádio e lá fica sintonizado
e vez em quando levanto e danço
mas debilitada paro, pois canso
e sentada, entro em prantos
Planejo um simples horário de estudo
mas desisto no meio
pois sou muito indisciplinada
não obedeço nem a minha ordem de jornada
Imagino uma seringa
me injetando aos poucos
doses fortes de adrenalina
para ver se me reanima
Amanhã eu sei o que farei
o de sempre, mesmo com febre
até conseguir uma alternativa
uma nova fase pra minha vida!