Uma lua em eclipse

Uma lua em eclipse

Estou distraído num bar a ver copos

Quando a noite chega, comum, embaçada.

Desvio o olhar. As pessoas se retraem

Além das palavras. Nasce uma escuridão apagada.

Prosseguem as mentiras vazias,

Nada além do enlevo da cerveja.

Alguém vai saindo conversando.

Com quem? Com qualquer que seja...

A noite desce completamente.

Alguém se ouriça com o final da tarde.

Conversa aqui, conversa ali

Álcool não falta. Falta a claridade.

No alto, a lua de todos os amores

Que não dá tréguas ao olhar costumeiro,

Também descansa, indiferente, em eclipse,

Lerda, muda e impassível ao olhar ligeiro.

Esta lua, meio escondida, meio vista

Indiferente às fases, crescente em sua veia,

Pela cobiça de seus olhares

Nunca mais estará cheia.

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Samuel Medeiros
Enviado por Samuel Medeiros em 03/03/2007
Código do texto: T400302