ÚLTIMO CÂNTICO DE AMOR

(Sócrates Di Lima)

O último cântico de amor, poderia ser mudo,

Ou sussurros de morbidez,

No entanto, nada se ouve, cântico surdo,

No silêncio da alma pela última vez.

E no último cântico que a noite espalha,

Exala o perfume que o sândalo vicia,

No corte do machado que talha,

A alma que na selva de concreto se via.

E quando uma estrela remanescente,

Num um dia de céu em envólucro em breu,

Faz ponto de luz no mar sereno e envolvente,

No céu do horizonte, em que o mar sou eu.

Não se ouve a poesia recitando,

Nas vozes dos poetas loucos,

Nem se ouve murmurios difamando,

O fim das palavras se dizimando aos poucos.

Ai, que surgem nuvens em gritos sádicos,

Envolvendo o cântico que a alma expele,

Pelas vísceras que calam e fazem estáticos,

Os movimentos das mãos rasgando a pele.

Cala a poesia que as páginas encerram,

Nem se cobre a vontade insana do poeta,

Nem se pode expoliar os desejos que berram,

No último cântico do poeta que não mais desperta.

E se vozes noturnas maldizem o amor vivido,

Exclamando: - Eu gostava disso?

Triste cântico que não diz nada, mas, encerra o poema esculpido,

Na areia, carregada pela maré sem se importar com isso.

E se o mar concorda com a reciproca que é verdadeira,

Sobre a rocha desperta a sereia que canta,

Seu último cântico como um ato de brincadeira,

Na glória de ter aprendido que o amor sempre encanta....

......E desencanta.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 16/05/2012
Reeditado em 29/05/2012
Código do texto: T3671029
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