RECUSAS

Ainda recuso-me a ser como os outros

fazer o que os outros fazem

comportar-me como os outros se comportam

Pensar feito a maioria

falar como os outros falam

Andar como os outros andam e vestir-me como os outros se vestem.

Recuso-me a ser apenas mais uma.

E recusando, sofro.

Sofro como quem não admite muitas mudanças, mudanças drásticas e dramáticas.

Mudanças mínimas, para outros insignificantes.

Sofro como a folha do coqueiro, que estando a beira da praia a mercê do vento, recusa a inclinar-se.

Mas mesmo sofrendo, resignado o coqueiro inclina-se.

Assim mesmo faço, mesmo sofrendo, mesmo com lágrimas nos olhos.

Resignada inclino em reverência aos meus opositores, que não fortes quanto o vento força-me a mesma atitude.

Mesmo não desejando, mesmo recusando, acabo por sucumbir a vontade dos outros.

Passando a ser apenas o que os outros desejam que eu seja

Apenas mais uma, somente mais uma.