Nostalgia
Aos pés do imenso mar que me embrulha,
roçou minha face uma bruma que encanta ,
de meus olhos roubando seu fogo de palha,
nostalgia secreta qu’os tolos d’amor habita!
O pedaço de momento meu ser aquecendo,
fez rolar a lágrima que tombou sobre o mar,
que vendo o fogo de sangue me queimando,
acalmou a angústia da alma carente d’ amar!
Nada sou, apenas o corpo inerte em sonhos,
que me roubam no sono e candorosamente,
me fazem adormecer num leito de carinhos,
até que o sol indiscreto m’acorde, bem rente!
Ousado, vindo quieto do canto duma sombra,
a sorrir toda sua fímbria esparramada no mar,
parece até que o meu sonho secreto se lembra,
tão pessoal, velado, sigiloso. Põe-me a cismar!
Os meus balbucios são risos pelo sol brilhar
e saio da sombra com ele e s’e acaso um riso
taciturno tentar esboçar, torno a me espelhar
na alegria desmanchada neste céu precioso!
Santos-SP-28/10/2006