Lábios de sereno
Não quero chegar clareando a escuridão,
pousarei os meus olhos d’água e quietude
quando mudo te ocultares na nossa canção,
vertendo graças de amor em sublimidade!
Já pressinto me rodearem os teus braços,
emocionando o meu destino, que é nosso
e em troca me darei a ti em muitos laços,
uma prisioneira confessa! Vivo por isso!
Quero que me olhes como a última vez,
nunca me verás tão exuberante,brotando,
como no instante que orvalharei tua tez,
feito mulher mansa, leve garça pousando!
Quanto serenar na tua boca meu sereno,
é um sonho!, pensarás, temendo acordar
deste mistério adoçado por suave veneno
e em tom meloso tua voz alto vai bradar!
Saudades sentirás se meu perfume exalar
e te sufocar, explodindo de grave emoção,
e chorarei cada hora seguinte sem te amar,
sem que o sonho encha meu aflito coração!
Perfeita garça feliz pousando em seu rosal,
tal rio trovador, acariciando as montanhas.
Oh minha relva de gozo,sem razão nem lei,
somos tu e eu apalpando nossas entranhas!
O último instante abortará cada ansiedade
de um provável amanhã, meio imprevisto;
assim será nosso amor, como eterno vento,
sempre sopra o suspiro novo e sem alarde!
Este é o amor orvalhado, em cada instante
inesgotando-se,para eternamente florescer
e raiar as luzes de emoção diuturnamente,
dando à vida o sabor realçado que se quer!
Santos-SP-21/10/2006