Canavial...
Por entre as ruas tramando as palhas
cortantes dos canaviais queimando
o céu tingido em cinzas densas e fagulhas
carpem as brenhas doidas periclitando...
A terra encanece ao arder das brasas
e o bravo homem impunha a foice
decepando as canas ,flutuando asas
no fume fétido relembrando açoite.
Como dantes nas senzalas gritantes
murmuraram os negro soluçando as canas
na dor do chicote, queixam-se retirantes
dormitando lamurias e tantas sanhas...
Sufoca amargor , ao marejerem olhos
por ciscos que a ventania por si desenha
derreando a cana madurando sonhos
de na próxima safra retornar a resenha...
As mãos calejadas já sem esperanças
de levar para o lar a paga das canas
intransigente, olvida suas crianças
riscando nos traços do facão as penas...
Do feixe a rodilha do pobre homem
apenas cenas crispam, apenas canas
amargo sentir do canavial em fumem
a gemer as canas pranteando as penas...
“A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
22/9/2006