Violinos que plangem
Oh pensamento,forasteiro da sorte!
Vai de pego em pego peregrinando,
ávida procura do anelo qu'o liberte,
mas na tênue jangada jornadeando,
voltas dá,desatina,regressa e parte
onde não supõe o quão é profundo!
A cumpri-se o destino! Que destino,
perdido na selva marinha em noites
sem vento na vela? só o mudo sereno
nas mádigas faces,sonhos constantes
que impulsionam as almas radiantes
e atam o Universo ao ente pequeno!
Mas na fuga que não é fuga, explora
o peregrino armado do pensamento,
navega os céus sem saber qual hora,
qual sonho, qual coração, qual porto
lhe abraçará na chegada.Quem dera,
gotas do luar na taça do Sentimento!
Chora o pensamento e seu gemer
incorpora todo eletrismo do pélago,
sem a melancolia das vagas perder,
pois o gérmen lírico que é um cego,
o encanta pelo caminho a percorrer;
violinos plangem no mundano pego!
Sonhos e enleios enchem de graça
a alma que exulta, como esperasse
um novo Jesus bambino que passa,
com Luz os seus cuidados perpasse
e de uma em uma, cada doce ânsia
converta em misteriosa Fragrância!
Santos-SP-30/08/2006