Pássaro de orvalho

Finquei meus olhos ávidos pela vida,

no sulco que o céu de milagres encheu

e meu coração tremeu acordado, ainda

um tanto banhado n’um sonho só seu!

Sonhava e sonhava a noite clareando,

ser de beleza, constelado em segredos,

floria em seu infinito vergel, enlevado,

mas a voz sulcada lhe abria os ouvidos!

Ao chamamento leve da fímbria ruiva,

estremecia e subia num eterno subir

este coração sonhador na vereda viva.

Suspirava brisa celeste a me conduzir

à liberdade branca que arranca grilhões

e andei no dom que o Mistério empresta

a qualquer alm'etérea jubilosa e liberta

na glória que luz apenas boas emoções!

Passou as mãos sobre a peregrina estrela

o dia, imenso pássaro d’orvalho gotejante,

lépido forasteiro que prima em escondê-la,

para embelezar os espaços negros da noite!

23/08/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 23/08/2006
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