Ave do Paraíso
Abres tuas asas de magia sublime
Largas esferas de luz cintilante
Observo-te longínquamente a planar
Invejo-te! Em ti não há quaisquer amarras
Não há em ti um sinal de passadas mágoas
Voa ave do paraíso, livre de sonhar
Uma dança de puro regozijo tocante
Sem rumo, sem tempo... perdi-me...
No encanto das tuas penas douradas
Na profundeza do teu olhar
Ternos... ao mesmo tempo inebriados de rebeldia
Bico delicado... porém no momento certo
Dás o teu golpe final naquele que te servirá de alimento
Escuto a tua melodia triste, um lamento
Que te entristece minha pequena? Sentimento incerto
Escuto a nota de quem amaria
Sinto no seu piar lágrimas derramadas
Noto agora sobre mim seus misteriosos olhos fixos
Questionará-se como eu? Aproxima-se...
Ergo a mão timidamente esperando
A sua vinda até ao meu ser
Cerro os olhos, deixo-o descer
Tremo ao sentir as suas delicadas garas em mim pousando
Olho agora então. Toda a sua magia senti
Observa-me curioso... Vagueio em pensamentos fugitivos
Arranca a si própio uma pena sem razão aparente
Debruça-a na palma da minha mão
Nesse mesmo instante tudo o que vejo é uma luz branca
Replasdecente, pura, algo que nunca tinha avistado
Ouço-o falar... falar? Estou certamente demente
Tento puxar à minha mente a razao
Mas é verdade, percebo a sua fala branda
Conta-me então quem és ser do tempo esquecido?
"Meu nome há muito está da história apagado
De livros, memórias, simplesmente perdido
Há muito tempo humano eu era
Numa linha de tempo tão distante e vaga como o Mar
De um feitiço alvo fui, sou agora elemento do ar
Até que se quebre eterno condenado a vaguear! Quem me dera
POr um só breve momento instante como humano regressar
Para um beijo de poder roubar!"
Sorri com tal gracejo
Galanteador esta estranha ave se mostrava
Pergunto ntao: Que feitiço te lançaram?
Se humano fostes como em tão bela ave te tornaste?
Penas da cor do Sol são as tuas vestes
Possuis os olhos mais enigmáticos! Tudo alcançam
De luz todo teu é! Assim eu revelava
Como fascinada estava... Entrego-lhe um beijo
A sensação foi extasiástica
Todo o meu corpo vibrava sem controlo
Apenas fora um suave beijo na sua asa
Porque estaria eu em tal estranho tormento?
Vejo então na minha mente uma imagem de chamamento
Uma antiga e velha casa
Um jovem belo a comer em deleito um bolo
De gula estampada no seu rosto...ai a face mais bela e fantástica
Ouço-o cantar no fim da sua satisfação
Quanto mais cantava mais triste se tornava a sua canção
Ao longe ouvia-se um sussuro
"Por toda a tua gula quanros tantos passam fome
Por todos os coraçoes que quebraste
Transformai-vos agora na ave do paraíso
Mais nenhuma donzela encatarás com o teu atrevido sorriso
Darás valor às pequenas coisas da vida que não escolheste
E que assim perdido no tempo a tua forma nao retorne
Aquele que muito ainda tem que aprender entre o longo mermúrio"
Assim observava eu num misto de fascínio e terror
A causa do sofrimento desta ave tenor
A realidade a mim regressou
Estupefacta com tudo o que ouvira
Quem seria a bruxa maldita
Que a tão belo jovem lançara sua garra?
"Merecido foi o castigo pequena donzela
Terrível e inconsequente eu era minha bela
Como príncepe do reino eu deveria saber
O quanto o meu povo por causa de mim estava a sofrer
Um belo dia uma menina cortejei
Sem remorsos o seu coração destronei
Sua mãe sábia feiticeira
Mostrou-me assim como o destino têm a sua maneira
não fazer actos impensados
Apenas pela chama dos momentos
Aprendiz agora sou da fiandeira
Da vida, eterna guerreira!"
Compreendi então a lição rara
Desta ave do paraíso perdida
Dura mas justa estava a ser, eu de desgosto morreria
Aprender por algo que já há muito passou.
"Pequena donzela por mim não chores
Pois minha condição não é eterna
Quand tudo aprender regressarei, espero que então voltes
Com esse soriso de beleza materna"
Voltaria pensava eu encantada
Estranho fascínio que não me largava
Seria paixao? amor? turbilhão? Desígnios de uma vida à descoberta
Entre o limbo da fantasia e realidade, vivia agora coberta
Aguardava a chamada do fado que me embriagava
Oh! Voara! Adeus Ave do Paraíso enfeitiçada!
Adeus!
Mafalda Sanches