Se um homem numa noite de inverno...
Deitada sobre os lençóis de cetim,
os raios da lua fria,
naquela noite,
incidiam sobre a mesa de cabeceira,
onde, esquecidas no jarro,
jaziam as flores silvestres,
transformando meu leito
num belo jardim discreto e sensual...
E ali jogada, displicentemente,
com o cálice de conhaque aquecido nas mãos,
tentava, em vão,
concatenar meus pensamentos
e voltar a ser eu...
Querendo matar as lembranças
de sua imagem insistente e decadente,
pensei ouvir uma leve batida em minha porta...
Atendendo ao chamado de um coração vazio
surgiu, como se viesse do nada,
um homem na noite de inverno,
instalando-se, para sempre, em minha vida,
exorcizando a solidão...