Os olhos do meu amor
Os meus olhos nos teus olhos
de cais alongado e desabitado,
refletem barcos teus espelhos,
distorcidos que vem voltando;
tantas e santas promessas
nadaram em teus mares
de fantasias e esperanças,
rodeando nossos olhares!
Além dos teus olhos de remanso,
castelos loucos desmoronaram
nos oceanos sem consenso
e meus risos borbulharam,
audaciosos sob compasso
de chibatadas que vieram
de tantos naufrágios! reconheço
pedaços senis que feneceram!
Teus olhos de sementes
o meu olhar deflorando,
recriaram o novo mundo
a partir de temporais valentes,
mataram cada medo reprimido,
dando adeus às noites tristes
e amor ao atalho abandonado,
a florescer bem mais que antes!
Teus olhos marejados de adeus,
diversos cais te viram partir
e dar mistério aos olhos meus...
caminhos brandos fez parir
este teu olhar feito por Deus,
perfumou eras do meu porvir
e enluarou meus olhos ateus
n’um brilho a não mais sair!
Santos-SP-04/08/2006