Na manta da noite
O mundo largo caiu e tempo furtivo
afunilou o caminho outrora efusivo;
fez-se o estagnado rio sem regueira,
nessa chuvarada qu’um choro beira!
D’olho da noite vem o pingo de prata
umedecer os meus olhos de lágrima.
É choro no choro e saudade derrama,
nostálgica noite, estou em sua manta!
Caminhadas envelheceram de esperar
o milagre, mas a graça’inda era verde,
no meio da gestação, parecendo tarde
a ess’alma cujos pés cedo fez calejar!
Precoce revelação intempestiva se avia
quando o real torna a esperança tardia,
confina ansiedade ao fastio irreverente
e s’arvora a inventar a morte aparente!
O agri-sal-ocre n'entanto se retempera
como a lua de fases,de trevas e sonhos,
de riso e pranto,qu’em límpida maneira
sabe se derramar reflorestando ninhos!
Santos-SP-25/07/2006