Choro das águas
Choro no choro se deitando e mais soluçando,
é pranto me pondo a cismar e enternecidamente
vou sonhando. Dos rosais da perfeição celeste
chuvisca vozes dolentes dentro do céu florido!
Minhas mãos se transfiguram limpas, impolutas,
como se a nódoa sanguinolenta d’alguma guerra,
d'agonia florescesse'sementes plantasse tantas,
germinadas no soluço chovido que sacod’a Terra!
Os choros lavaram astros na regueria dos anjos,
cujas mãos sangram esplendor das florescências;
é choro outros choros procurando,parind'ensejos
d'abraços cerrados,sensível ardor das essências!
Na emoção das lágrimas etéreas ondula e ondeia
uma secret'extravagância, que só o sonho borda,
nas águas translúcidas,gotas me laçand'em teia,
num valsar chorado cantarolando nessa madrugada!
Santos-SP-21/07/2006