A boca do céu
Dias que se foram devorando noites veladas,
querendo ser perfeitas candeias estreladas,
cada alma buscando o seu caminho liberto,
desprezando a algema no longínquo deserto,
donde nem pegadas contam seu pesadelo duro;
leves, tão nuas na noite,sem casulo pesado.
Mas o dia ávido de ilusão carnal as assusta
e castiga; destinadas à noturnidade quieta,
ao céu deslumbrante suplicam que as vistam
de nuvem, mentira seus olhos não agüentam.
A doce voz imortal da melodia divina e pura,
brotada na boca do céu, murmura que espera,
após o pôr do sol dourado,seu breve retorno
à peregrinação esperançada em alvor-falerno,
alma perene e copada de brotos de primavera.
Quiçá noites devorassem dias, oh quem dera!
Santos-SP-18/07/2006