O canto do mar
A hora crepuscular me convidava a deitar angústias
tão minhas,solitárias,cultivadas nas zonas sombrias,
naquela concha imensa,de tentáculos bravios e frios,
me dando e recebendo à ressaca de açoites e arrepios!
Foi assim que me tragavam vorazes os braços temíveis
do pélago também angustiado estrelando no meu peito,
embaralhando, pouco ao pouco seu canto ao meu grito,
agor'o mais sigiloso de viagens jamais inimagináveis!
Sem fugir, não se afogava minh’alma,que entre anelos,
cântico co’o mar entoava, pensando-se uma vaga nova,
parida do matrimônio quando terra à água se entregava,
cumprindo interação sagrada que citam os crepúsculos!
Brasa incendiava o crepúsculo e minh’alma despetalava
entre os pedaços de mar, bálsamo que por mim entrava,
pondo meus meandros marinhos e crispados a crescerem
em alto vôo vertiginoso, tentando as angustias matarem!
Novas avenidas enveredo onda’inda pequenina e calma,
não sei nem vou rugir bravura,apenas levarei meu canto
marulhado a qualquer canto que se procure breve alento.
Sinto o doce crepúsculo manso beijar-me a face da’alma!
Santos-SP-07/07/2006