CASEBRE DE ZÉ
CASEBRE DE ZÉ
Bem no coração da mata
Está o rancho de Zé
Paredes barreadas
Cobertura de sapé
Amarrado de cipó
Com madeiras tortuosas
Mal cascadas
Cheias de nó
Fogãozinho rebocado
Com estrume de vaca
Pra dormir tem um gerau
Ambos em quatro estacas
Sua mesa é um caixote
Água fresquinha... Até
Dentro de um pote
Bebe-se de coité
Duas panelas pretas
Embassada de fumaça
Um bule velho sem tampa
Lamparina de lata cuia e cabaça
Espalhalhados pelo chão
Um par de alpercatas
Feitas de couro cru
A bainha de um facão
Algumas penas de inhambu
No terreiro um varal
Sua roupa mal lavada
Uma calça um bornal
Uma camisa remendada
Do lado da parede
Os miolos de um coité
Algumas cascas de mandioca
E a borra de café
Se um dia por lá passar
Não deixe conhecer
O casebre de Zé
Com certeza... Vai gostar
É uma paisagem Ecológica
De rara beleza
Pássaros flores... E é lógico
O contato com a natureza!
Ouve-se o murmúrio da cachoeira
Os gritos da macacada
No meio da capoeira
O piar de paturis
Pássaro preto curió e juritis
É dura a vida de Zé
Caipira brasileiro
Que apesar da pobreza
Nunca perde... A fé!
Exemplo de vida
Pros granfino da cidade
Que vive de mordomia
Reclamando de tudo
Dizendo como é dura a realidade
Mas na hora de morrer
Somos todos iguais
Os trapos de ZÉ
As mansões dos coronéis
Ficam tudo... Pra trais!
Só um pijama de madeira vai
Sete palmos sob o chão
Ficam os cacos de Zé
Ficam os bem materiais
Ninguém leva nada... Não!!!