CASEBRE DE ZÉ

CASEBRE DE ZÉ

Bem no coração da mata

Está o rancho de Zé

Paredes barreadas

Cobertura de sapé

Amarrado de cipó

Com madeiras tortuosas

Mal cascadas

Cheias de nó

Fogãozinho rebocado

Com estrume de vaca

Pra dormir tem um gerau

Ambos em quatro estacas

Sua mesa é um caixote

Água fresquinha... Até

Dentro de um pote

Bebe-se de coité

Duas panelas pretas

Embassada de fumaça

Um bule velho sem tampa

Lamparina de lata cuia e cabaça

Espalhalhados pelo chão

Um par de alpercatas

Feitas de couro cru

A bainha de um facão

Algumas penas de inhambu

No terreiro um varal

Sua roupa mal lavada

Uma calça um bornal

Uma camisa remendada

Do lado da parede

Os miolos de um coité

Algumas cascas de mandioca

E a borra de café

Se um dia por lá passar

Não deixe conhecer

O casebre de Zé

Com certeza... Vai gostar

É uma paisagem Ecológica

De rara beleza

Pássaros flores... E é lógico

O contato com a natureza!

Ouve-se o murmúrio da cachoeira

Os gritos da macacada

No meio da capoeira

O piar de paturis

Pássaro preto curió e juritis

É dura a vida de Zé

Caipira brasileiro

Que apesar da pobreza

Nunca perde... A fé!

Exemplo de vida

Pros granfino da cidade

Que vive de mordomia

Reclamando de tudo

Dizendo como é dura a realidade

Mas na hora de morrer

Somos todos iguais

Os trapos de ZÉ

As mansões dos coronéis

Ficam tudo... Pra trais!

Só um pijama de madeira vai

Sete palmos sob o chão

Ficam os cacos de Zé

Ficam os bem materiais

Ninguém leva nada... Não!!!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 20/10/2009
Reeditado em 20/10/2009
Código do texto: T1877035
Classificação de conteúdo: seguro
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