A mão dos mil dedos
As vozes que me falam vêm de longe
nas recordações d’infinito instante
transcendental à lógica que tange
paralelas erguidas verticalmente,
que quando tocam meu lado etéreo
vibrações causam d’incrível origem,
divinizando o meu destino flóreo
de chuvaradas que florem som doce
e pisam no forte cheiro ocre da face
do chão úmido,que ao sol se ruboriza,
nos matizes que dos céus deslizam!
Ávida na ponta dos dedos escorre,
contudo a sigo com o olhar possante,
até o derradeiro minuto que morre
furtando vidas que vão, subitamente,
habitar outras moradas no ontem remoto,
cujos colos se entreabrem para o encanto
e o enlace do ido retornando, mão dupla,
que Mistério esconde e a alma contempla,
reagindo à melodia imortal de tantas vozes
que gorjeiam segredos de intuições capazes
de reformarem certos destinos rascunhados
com mão dos mil dedos dos céus adorados!
Santos-SP-23/06/2006