Ápices
No cume dos Alpes, seus ápices,
Lá no alto, mora a liberdade
Dos pássaros a voar, pra bem longe,
Lá e cá;
Do vento que da vida ritmo dita;
E do tempo eremita,
Que só, lá no auge, habita.
Liberdade rola forte e bela,
Montanha abaixo desembesta
Na espuma das águas
Azuis, branco e cinza.
Nos picos ápices
Esconde-se o segredo da vida,
Uma sabedoria milenar:
Não há quem a possa ignorar!
De povos vencendo as montanhas,
Os que insistem em viver por lá.
A vida nos ápices
Pouca suavidade e fartura vez.
Ao contrario: muito trabalho!
Peixes, homens,
animais e pássaros, todos
Lutam para vencer a escassez.
Nos ápices auges apogeus
Muita beleza há.
O céu azul pincelado
De nuvens brancas no ar.
Sim, no meio dos Alpes,
No Alto Adige,
Pequeno paraíso,
Oásis de tranqüilidade e paz.
Quem ali vai descansar
Pode corpo e mente renovar
Ou se perder nas trilhas altas
Dos passes de lá.
O vento fresco, alísio?
Seria errado assim dizer?
No compasso das águas
Refresca os viajantes,
Muitos por ali passantes.
Terra de caminhantes:
Muitos passam, poucos ficam...
Ficam e são felizes, penso eu.
Ali, no meio dos Alpes
No Norte e Sul, no Alto Adige
A vida segue um outro ritmo:
Do ‘Buon Giorno!’ ao ‘Gruß Gott!’;
Do ‘Guten Tag!’ ao ‘Benvenuto!’
A vida ali toca singular canção:
Andante com a natureza,
Allegro com o coração.
No meio dos Alpes,
Nos ápices Adige
Olhei para cima e vi:
Os picos, seios e vales da Terra,
Calcinhas brancas nuvens
Lábios, montes, limiar
Da Vênus a beijar.
A seda azul do céu
E a ‘ewig’* neve branca,
Rastros, adorno de ápices e vales
Da História, da Terra
Antes da Era do Gelo
Hasta cá
Bem lá nos auges...
Dos Alpes,
No Alto Adige.
* Ewig – eterno (em Alemão)
Nota da autora:
No meio do caminho havia um banco. Nele sentei e o horizonte contemplei. Agucei meus ouvidos e conversei com a natureza. O resultado? Esse exercício poético, tentativa de seduzir palavras -- Ah! essas Salomés... -- que aqui compartilho com você sem maiores pretensões.
Um abraço fraterno :-)