O vento...
Cansado de na Terra dar a volta,
Adrede decidiu pela revolta,
Aliciou nuvens como escolta
E resolveu descansar,
O ar...
Instalou-se silente sobre o Oceano
Cujas águas lhe chamaram insano...
As aves acharam tratar-se de engano,
Porém exausto repousava,
Sonhava...
Pescadores ficaram sem poder velejar,
A Fome veio em seus lares reinar...
O calor do sol principiou à adustar...
Enquanto o solipso dormia,
Se sofria...
A Lua espantou-se com tamanha sandice,
As estrelas não entendiam haver ledice
No gesto soez e estouvado de tal tolice,
Incólume o tal não se mexia sequer um pouco,
Louco...
O senecto Tempo veio avisado pelo sol,
Tomou partido e pela maioria foi em prol...
Sentou-se desajeitado sobre um atol
E fez seu discurso provocante,
Beligerante...
Foi aplaudido por todos menos o Céu
Que não via razão para condenar o réu...
Solerte propôs uma espécie de mundéu
Que sem sevícias as nuvens dissiparia,
Sabedoria...
Em secreto confabulou com o Continente
Que após ouvir se mostrou sorridente
Levando de imediato a idéia potente
Ao seu filho chamado Vulcão,
Explosão...
Logo este sem calaça soltou um rugido,
Perceberam todos o que havia o Céu pedido...
Ninguém restou que não tivesse fugido...
Então caliginoso som forte ecoou,
Assustou...
As nuvens trovejando choveram de medo,
Despertaram o dormente que percebeu o enredo
Dando assim fim ao sentimento ledo,
Irado ficou ao ver tanta gente ingrata,
Suciata...
Decidiu sem ambages tornar à carruagem
Partindo célere esquecendo aquela imagem...
Intrépido percorreu o mundo sem camuflagem,
Assim a todos extasiava por seu portento,
O vento...