Boca da noite

Sangrando o sol despede-se lentamente

Arroxeando o céu, cor da saudade.

Despida das suas cores a paisagem adormece

E em preto e branco renuncia a claridade.

Voluntariosa, chega a noite, toda prosa

Vem de mansinho, boca pronta para beijo

Lasciva a escuridão , desvirgina a madrugada

Bela, a ninfeta, anuncia-se em desejo.

Logo mais é dia, sequer preciso do canto da cotovia

Esplendoroso e versátil , o sol descortina-se .

É hora de partir, posto que é sina. Conspira o universo

Logo mais, boca da noite, carrega-te no colo, clandestina.

FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 23/03/2009
Reeditado em 29/03/2009
Código do texto: T1501163
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