GOTAS DE SAUDADE E DE AMAR

GOTAS DE SAUDADE E DE AMAR

Chove na minha rua!

O céu toldou de negro

As pedras já negras da gente

Passante, pensante,

Irrequieta no desvelo

Apressado da vida errante.

Aquela pequena gota,

Uniu-se a outra e mais outra

Num casamento de amor

Traduzido nas lágrimas pendentes

Da chuva que brota inerte

Sobre o chão já molhado

De ofegantes labores!

Num canto, uma pequena flor

Acarinha de mansinho a folha

Que a protege daquela tarde

Em que os céus brandem

Espadas relampejados,

Rasgados em que vazio

O tempo é triste só!

Apenas uma flor, uma folha

E eu, meditando,

Bafejo a vidraça de nevoeiro

Na miragem de te encontrar!

Mas, indiferente,

Chove na minha rua!

Ergo as mãos e agarro o nada,

Procuro as tuas naquela tempestade

Desnorteada de um mar de temores,

Na busca de laços e afagos,

No teu colo quente, distante, ausente!

Olho aquela flor que abraça, tremendo

Folha que afaga as pétalas transpiradas

Como fazem os namorados

Numa noite de luar!

O aconchego do seu calor,

Dá um sorriso doce,

Naquele recanto que é de encanto

Onde um dia te encontrei

E como a flor se aconchegou

Nos braços de ternura que são os teus

E hoje choram de saudade

Clamando aos céus piedade

Na tua ausência que consome

Meu coração cinzento sem ti

Quando ali, junto à vidraça

Liberto no pensamento a mordaça

De querer o perfume que a terra solta

Quando na calçada já velha e calcada

Chove na minha rua!

Jose Domingos

Jose Domingos
Enviado por Jose Domingos em 30/12/2008
Código do texto: T1360219
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