A ROÇA

Choveu muito no Sertão

E é madrugada sertaneja.

O divino ouviu a oração,

Acabou-se a tristeza sertaneja,

É hora da gente levantar

E de pôr o pé no chão

Para na roça se trabalhar.

Ainda está tudo quase escuro,

Mas há clarão da Lua no chão.

É madrugada da esperança,

O divino atendeu a oração,

Agora tudo é muita alegria,

Graças à bendita crença,

Pois a chuva chegou,

E há riqueza no Sertão...

Há muita fartura no Sertão,

Há orquestra de sapos nas lagoas,

Regida com alegria pelo sapo-boi

No compasso do seu blum!... blum!...

Pois a tristeza já se foi...

O blum!... blum!... blum!...

É a euforia do sapo-boi...

É hora de trabalhar o chão

Neste abençoado Sertão,

Pois é tempo de plantar,

Com muita euforia,

Mandioca, milho e feijão,

Aipim, abóbara e melancia,

Pois chegou a riqueza do Sertão.

Vale a pena na roça trabalhar,

Vale a pena ver o feijão aflorar,

Vale a pena ver o milho amadurecer,

Vale a pena ver a mandioca crescer,

Pois há riqueza no Sertão

E o divino ouviu a oração!

Publicado:

Antologia Escondidos Sob o Luar, página 79, Editora Brado das Letras - 2a. Edição ( 2009 ) - São Paulo/Santa Catarina

EVERALDO CERQUEIRA
Enviado por EVERALDO CERQUEIRA em 13/03/2006
Reeditado em 02/07/2009
Código do texto: T122852