HOJE...
Hoje ao despertar
Percebi que o sol não estava lá
Não havia nuvens, nem o firmamento
Nem um sinal do vento,
Ou uma brisa se quer...
Onde estava o azul do céu?
Onde estava seu olhar, mulher?
Só encontrei um pedaço de papel
Letras trêmulas, desencontradas
De uma alma desesperada
E daí então, faltou-me o chão
Uma dor lancinante, infinita
Transpassou meu coração
Como flecha cega e aflita
Chamei por ti em vão
Pois, minha voz não podia propagar no vazio
Senti um indiscritível calafrio
Percorrer sem rumo minha espinha
Vi-me envolvido por um imenso nada
E senti medo, porque minh'alma sózinha
Tornou-se flor que definha
Sem luz, água, terra, calor
Hoje, justamento hoje
O sol não despertou
E na curva da estrada, ao longe
Vi sumir num vulto aquela que um dia
Para minha alegria, foi meu eterno amor...