A BRISA
Quando chega de mansinho...
Por entre as ramas do verde,
a brisa silenciosa,
parece ter mil segredos!...
Com um sussurro velado,
chega em leves rodopios,
já me afaga os cabelos,
já me provoca arrepios...
Qual curiosa criança,
que tudo quer descobrir,
remexe por todo canto,
vasculha aqui e ali...
Com os ruídos da brisa,
que vive a perambular,
às vezes me vejo assustada,
quando sinto-a passar...
Ora parece ser fada,
sorrateira a espreitar...
Ora, uma alma penada,
ali perdida, a vagar...
E neste gentil devaneio,
crio asas a voar...
Atrás dos rastros da brisa,
espalhados pelo ar.
E logo a alma se expande
dos aromas que inebriam,
sinto o perfume das matas
em eterna sinfonia!
Inalo a essência das flores
e dos frutos, o doce cheiro,
pendurados entre os galhos
das plantas lá do terreiro.
Campos verdes de veludo,
água pura das cascatas!
Tudo exala seu perfume,
onde quer que a brisa passe...
Inda persigo um desejo,
que vivo a acalentar:
o sonho feito do cheiro,
de lá das bandas do mar...
(Sandra Sarmento)