Dorme o pastor
Dorme o pastor as horas esquecidas
O sangue do sol côa entre verdes ramas
Melancolia em luz que o verão derramas
E doce penumbra das águas entretidas
E sons manados, suave eco de aromas
Dorme o pastor nas horas esquecidas.
A natureza harpeja cânticos solenes
No majestoso ar imortal de leite
O suspiro das tardes colore de azeite
O solo, desde o pássaro aos vermes
O rito augusto da criação e, deleite:
A natureza harpeja cânticos solenes:
Ramas ao saudoso peito se entrelaçam
As virações sussuram acordes nas asas
Dos vergéis em sonatas, sonhos de gazas,
Sintonias de harpa pelas folhas dançam
O coração do segredo junto as aves
Ramas ao saudoso peito se entrelaçam
Torpor de esferas semi-extintas, sonos
Que o luar mira em visões de Arno
O caracol dos ventos desatou seu canto
Sobre a perfeita conjunção do ouro
E o mármore lunar a evocar a sombra
Torpor de esferas semi-extintas, sonos
O rebanho das constelações veste seu adorno
A égua sonoriza de patas os cascalhos
Infinitamente a terra tece as safiras e rubis
Das formas o verão cota seu contorno
O rebanho das constelações veste seu adorno.
A noite desce o albergue do segredo morno
Saltam os djins das adormecidas pupilas
Seu mármore de sonhos traz altar aos jardins
O tempo se amansa nas serenas maravilhas
A treva afaga os cristais das ancas tranqüilas
A noite desce o albergue do segredo morno.