Sebastiana (Deusa de Ébano)
Sebastiana
Deusa de ébano
Lá vem ela descendo a ladeira.
Menina bonita, toda faceira.
De longe seu cheiro exala
Crioula criada, negra arretada,
Sebastiana, filha, neta de escravos.
A lata d’água na cabeça aviva o seu rebolado;
Seus peitos fartos e arredondados,
Dançam transparentes na veste molhada.
Deslizante como água de cachoeira,
Encanta negros, brancos e seres celestiais.
Deusa da noite; princesa de ébano;
És tu Tianinha, a mais linda mulata.
Desce logo essa ladeira;
Entre na roda venha nos agraciar.
A senzala é o teu palco e teu gingado nos fascina.
Quebre e requebre, fazendo luzir a brincadeira!
Afrontastes a vaidade das brancas,
Vestida de trapos, pano de saco...
E nem mesmo as pérolas te apagaram;
Bela rainha disfarçada de escreva.
Feche a boca senhorzinho siga o seu caminhar,
A pretinha não tem dono, nem tem sinhá,
É parte da natureza. É terra é mar...
E com os pés algemados se ergue pra reinar.