Anoiteceu...

Caem à noite, infusões de aroma no ar, flores desabrocham por todos os cantos, no encanto de um poema sendo escrito, no flamejar do olhar descobri novas paisagens, fugaz pensamento disperso, vagando e alojando-se em qualquer lugar.

Num bailar lento, encosto meu peito, sobre teu peito, apenas sombras do luar, reflexo na água, submergi meus sentimentos e extrai da voz reprimida, cada palavra que o amor traduz em versos de ternura.

Vagando em teu ser, enquanto dormes, afago a face e no enlace, minhas mãos procuram as suas, sinto a pressão e entendo a razão da emoção que aflora.

Pudera descrever em verso, o sentimento do amor, o abstrato seria desvendado, talvez apenas um sussurro baste, para que meu coração cale, sem intervir no momento sublime.

Sons que só eu ouço, cantigas do coração, sob a claridade da lua, empurrando as brumas, em minha nostalgia em cada fração de segundos.

Na orla da noite ornada, mãos que colhem lírios da madrugada, a carícia do perfume no ar.

Desfaz-se o meu olhar adormece, pois já é dia, continuo a sonhar...

Escrito em: 16.10.2005

Por Águida Hettwer