AQUELE MELRO
AQUELE MELRO...
Lembro aquele melro...
Que tão cedo acordava
E tão cedo começava
O seu inigualável canto...
Aquele canto que também
A ti, a mim, ou aos dois
Acordava...
E ao amor nos convidava!
Aquele especial canto
Que os nossos desejos
Despertava
E nos incendiava...
Eram ensejos
Para abraços e beijos
Que sempre culminavam
Num transcendente
Mas sempre insuficiente
Ritual de amor!...
Hoje, aquele melro
Continua cedo acordando
E cedo cantando
O seu inigualável canto,
Que, no entanto,
Já não nos acorda
Para um ritual de amor...
Porque tu partiste...
E eu fiquei só e muito triste
Chorando o meu desencanto...
Não posso, não quero!
Não quero mais ouvir
Daquele melro tal canto!...