CARTA DE AMOR OU DESPEDIDA

Escrevo-lhe como quem manda noticias a um amor

distante, que não se sabe a respeito de como

está – se vivo ou morto.

Escrevo-lhe para contar sobre o meu dia, sobre meus

sonhos e desejos, para falar algo dos meus filhos e

minha esposa e sobre tudo, para falar sobre o cansaço dos

dias iguais, da vida quase sempre igual, das horas marcadas...

Quando lhe escrevo sinto que estou confessando comigo

mesmo, penso e escrevo, e outras vezes escrevo sem pensar.

Não espero resposta, pois nem sei se virá, mas

não são cartas ao vento, pois sei que escrevo para um

amor distante, que não vive apenas nos sonhos,

e sim um amor que quer ser visto com as mãos,

ser cheirado e abraçado.

Não escrevo como um suicida ou kamikaze japonês.

Escrevo como quem ama e não tem pressa,

como quem sabe esperar as estações do ano,

como quem acredita em tudo apesar das mentiras.

Eu escrevo pois gosto de falar com minha boca escrita.

Donizetti Reis

CRClaro – 01.11.2002

00:40 hs