Sem causa ou motivo

No soluço da noite,

ávido martírio ao vento,

carícias de tanto gosto,

que, só de gostar-se,

vive-se atônito.

Meu coração balbucia o desespero

que não se completa,

não desafoga as mágoas

do desprazer contido.

Nos suspiros noturnos,

canto doces melodias,

adocicadas pelo desejo

de voar, pelos céus,

a ponto de desprender-me da vida.

Mas a vida,

em sua múltipla sofisticação,

deixa as escolhas abstratas,

parecidas com desilusão