CAÇADOR

Estendo braços quebrados,

tentáculos que tentam roubar o oráculo,

um ritual conhecido e sempre imprevisto,

o sacrifício é teu ou meu?

Alimentar o fogo sacro da loucura,

minha procura pela presa devida,

contida, porque é a mim que

caço.

Faço do teu leite minha vida,

repetida fórmula de ruir a dor

quando a solidão é doída,

doida, musa,

anseio a tua paixão,

colo meu falo no teu colo e

sugo o musgo da tua compreensão.

Isto é amor, ainda que a ninguém,

porque existo enquanto ter

espaço por me colocar,

espaço para romper.

Ninguém não sou, louco para

o amor que abusa, desta tua

entrega de musa.

Carlos Moraes
Enviado por Carlos Moraes em 11/01/2006
Código do texto: T97482