Do amor que tive
O que guardo do meu amor
é uma longínqua canção
da cor da noite,
em retesada escuridão.
Os silêncios pálidos,
os murmúrios ávidos,
a fúria, o fogo, a tentação.
Trago em mim
o sabor do beijo
em forma de desejo,
a voz macia
em adivinhas,
as suaves manhãs
e o orvalho que delas vinha,
abrindo em mim
aromas de flor.
Debruço-me sobre a saudade
e as lembranças me invadem,
seus abraços, sua boca,
sua ânsia tão louca
em ter-me todas as manhãs
agora são apenas vestígios,
sobras de imagens em mim,
na memória de meus dias,
em minha solidão sem fim...