SOU TANTOS.

Revelo ao mundo, parcelas do que sou:

ora sou ébrio descrente, ora fé e apego.

Disfarço, nego, renego. Depois eu sou

choro e canção, o sorriso e o sossego.

Aos olhos das pessoas eu sou tantos:

rei, súdito, o rio, o muito e o pouco.

Sou o dia de sol, noites de prantos,

sou a distância, a ânsia e o louco...

Sou vestígio, sou a prata e o ouro.

Sou eu e sou os outros, sou vários.

Sou idas e vindas, sou os atalhos...

Sou o antes e o depois do depois...

Sou o frio, sou o calor e sou desejo.

Eu sou a pluralidade a cada ensejo.