Inconsistências
Não pertenço a este mundo!
Sou do mundo das estrelas
Que não falam, não odeiam, não amam,
No entanto, são vizinhas de Deus!
Não pertenço ao mundo Dor
Mas gostava dele ser
Para saber o êxtase que sentia
Se a alegria me visitasse.
Mas o mundo que vivo
É uma dor e mágoa
E sinto o seu êxtase,
coisas que não quero ter!
Não pertenço ao mar calmo
Nem das tempestades.
Nem do pássaro que conhece o chumbo!
Pertenço a um mundo que sou eu a cada momento
e cada momento é meu!
No mundo de poetas
que cresço
sou berro, sou dor, sou amor,
sou uma flor
que vive, dá cor, dá cheiro
que espreita o sol, o segue, suga-o e,
morre sem cor, seca, putrefacta
em húmus de onde volto sob o mesmo sol.
O meu mundo não existe!
Só as minhas vontades!
Porque não lhe pertenço
Não sei quando fiz este poema
Nem não sei quando nasci
Se hoje ou se nunca!
Dezembro 2005