Sem valor...
Cortei rente os meus pés
Nos cacos do rio ontem
Que esqueci de varrer…
Sangram no hoje marés
De horas paradas, porém
Só para me recolher…
Esquivo-me em águas a lés
Do poente que as contém
Nas malhas do envelhecer…
Por entre dentes de viés
Mastigo a alma no além
E escondo-a do amanhecer…
Sem passos sou sem revés
Mas em meada e refém
Sou tédio, nada e não ter…
E o tempo passa através
Do ser que não é nem tem
O tempo de se merecer…