ENTRE QUERER E PODER.
À VIDA
Certo tempo bastaria,
O prazer de ter a vida,
Um recanto e um amor,
Um jardim, nele uma flor,
Euforia em desmedida.
Seguir sempre a trajetória,
Do sol, sua direção,
A brisa soprando o rosto,
O pulsar do coração.
A chuva a molhar o campo,
Ver surgir a plantação,
O verde escuro ou claro,
No pasto se faz surgir.
No peito não há saudade,
Na face os lábios a sorrir,
Isso chamam de felicidade,
Mas tudo é na verdade,
O que está para vir.
Logo o tempo se passou,
E com ele a esperança,
Os sonhos um dia sonhados,
Guardamos bem na lembrança.
Dos feitos já construídos,
Os sonhos já esquecidos,
São dores, hoje bem sei.
Saudade não passa longe,
A tristeza não se esconde,
O prazer, não decifrei.
Ao entardecer da vida,
Muito dos sonhos se perdem,
Das certezas saem as dúvidas,
As incertezas sucedem.
Busca-se novo horizonte,
Os obstáculos defronte,
Um vazio se expande,
O amor está aonde?
O ontem não fez o hoje,
O amanhã que não vem...
Feliz quem é e quem tem,
O fim para este fim.
Tudo o que dói em mim,
É não Poder partilhar,
Foge a vida pouco a pouco
E do coração, o amar.
Rio, 20 de março de 2008.
Feitosa dos Santos