desenho: Rupestre (nanquim)
Chico Steffanello

             CANTO & CHÃO

                     (líricas de um evangelho insano)

Canta-me e decanta-me palavra, linha reversa
deste  humano Totem, écos de sonora reinscrição,

nos subterrâneos,os vasos dos jardins incendiados,
guardam ainda a linguagem das flores,

a velada paisagem  cinzelada do rosto,
criptogramas lavrados sob o arado das dores,

movem-se ainda as palavras da boca e  da furna,
da expuria cidade da alma onde explodem as urnas dessas

vazantes, que por entre terras  distantes, ainda minhas
mãos leem as linhas das tuas mãos...

guardam-se assim os jarros dos estribilhos,
sonoros solstícios sob os trilhos,

líquidas e densas metáforas transvasadas das ceias
da ilusão,das códeas que  na roca das sombras fiam 

e retraçam  as rédeas no tempo dos grãos que  amassam...
líricas da alma, perdidos verbos deste canto e chão!



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