Tear


Mulheres de outrora teciam outonos em estampas e retalhos.
À lenha do fogão a chimia, tricô, crochê e cabelos cortados.
Naquele tempo as mães vinham com múltiplos instrumentos,
catavam, bordavam, passavam e ministravam seus ungüentos.

Vistoriavam tapetes, colchas, panos de mênstruo e fraldas,
feitos de vestido velho, combinação desbotada e anáguas.
As árvores acompanhavam dos seus filhos o crescimento,
onde eram assinalados centímetros, glórias e enaltecimento.

Dos bilros saiam rendas e do tear e da roca arte em fios e lãs.
O tempo era amigo das horas em que passavam tecendo.
Eram formosas, de casa cheia, com suas teias uniam os clãs.

Usavam a inteligência das ervas e retalhos de nobre linho.
Teciam à família e aos amigos mantos de duradouro carinho.
Avós, mães, irmãs e filhas num só conhecimento e destino.


~*~

Imagem do google: Moça Tecelã
meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 16/03/2008
Reeditado em 10/03/2010
Código do texto: T903000
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