Rasgos e Cacos
Maria Thereza Neves
e tudo se perdeu
restaram as cinzas da poesia
nas entrelinhas mudas dos retalhos
nos muros-cacos do silêncio
não sou mais poeta
nem artista
sou tela sem vida
rasgos-atalhos nos restos dos dias
em pedaços dividida
metade música
ou bailarina das noites frias
das sonâmbulas madrugadas
a rua está sempre sozinha
andando dentro de mim
com ela sigo minha sina vazia
nas sombras mortas da fantasia.
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JF/MG-13/12/05-1h10