Auto-retrato

Lisboeta e nunca soube

Escolher bem a sua cor;

Lisboeta a quem não coube

Ser alface verde ardor;

Má Poeta na arte da prosa

Na infância envelheceu

E em histórias cor-de-rosa

Rosa velho foi fim seu;

Argumentista falhada

No ofício que é a vida

Sua obra ultrapassada

A nota é zero à partida.

Tem até voz embargada

Por tão grande insensatez

Quando fala não diz nada

Baixa ao chão e fica rés.

Política ou religião

Também não é entendida

Mas passa pelo coração

Dividir a cor sentida

Em cada alma florida…